Iniciar um projeto de arquitetura vai muito além de pensar no estilo da construção e no gosto do cliente. Antes da execução, é necessário avaliar alguns pontos obrigatórios por lei e que podem gerar impactos no sucesso da construção, na sociedade e na natureza, como é o caso da permeabilidade da obra.
Em linhas gerais, a permeabilidade se refere à capacidade de absorção da água da chuva pelo solo, e levar esse aspecto em consideração, além de ser obrigatório, é algo de grande seriedade. Afinal, boa parte das cidades se desenvolve às margens de rios e córregos, em encostas e vales.
Ainda, com o hábito crescente de se concretar quintais e pátios, são criados obstáculos para o escoamento natural da água. E esses fatores, aliados ao clima brasileiro quente e úmido, favorece as enchentes, um dos nossos maiores problemas urbanos. De acordo com dados do IBGE, entre 2008 e 2012, quase 28% das cidades brasileiras sofreram com enchentes.
Diante disso, ainda no planejamento da obra, calcular a taxa de permeabilidade do projeto é uma etapa que não pode ser relegada.
Mas você sabe como fazer o cálculo desse índice tão importante para os projetos? Acompanhe!
O que é permeabilidade da obra?
Resumidamente, a taxa de permeabilidade da obra representa a relação entre a parte permeável, que permite a infiltração de água no solo, livre de qualquer edificação, e a área do terreno.
De acordo com a legislação brasileira, terrenos públicos e privados devem se preocupar com essa questão. Isso significa, em linhas gerais, que uma parte do terreno não poderá ter construções. O que explica essa necessidade é que o espaço necessita de uma área destinada para absorver água da chuva, para que ela flua adequadamente para lagos, rios e mares.
De forma geral, essas áreas são destinadas a jardins e ao plantio de árvores ou outras ações sustentáveis do projeto em questão. Muitas cidades já oferecem recompensas para moradores que se preocupam em fazer a sua parte e gerar impacto positivo para a sociedade. O IPTU Verde, que já é uma realidade em diversos municípios, por exemplo, é um programa de incentivo à construção e reforma de imóveis autossustentáveis, que concede desconto para aqueles que adotarem soluções e práticas sustentáveis em suas habitações.
Por vezes, os arquitetos optam por alguns materiais, como seixos, blocos de concreto vazados, asfalto drenante, decks de madeira, entre outros, que permitem a absorção da água, ao mesmo tempo em que há a ocupação do terreno. Essas práticas podem ser complementares, mas não devem ser alternativas para a área livre, já que, por hora, nenhuma tecnologia se compara às raízes das plantas, que evitam que a terra ceda mesmo quando o fluxo de água é muito intenso.
Cálculo de permeabilidade da obra
O fato é que todo terreno precisa de uma área mínima permeável, porém, essa quantidade é estipulada de acordo com a prefeitura de cada município. A variação transita, geralmente, entre 15% e 30%. Assim, por exemplo, se a taxa é de 25% em uma área de 1.000 m², deve-se ter 250 m² livres de construção – percentual de área que poderia ser destinada a um projeto sustentável no local para a absorção natural de água.
Claro, cada terreno apresenta suas particularidades. Por isso, antes de iniciar uma obra, é necessário se informar a respeito dos Parâmetros de Ocupação do Lote e da Lei de Zoneamento de sua cidade.
No entanto, simplificadamente, o cálculo geral é realizado da seguinte maneira:
Área permeável = TP x área do terreno constante do CP
Onde:
TP (Taxa de Permeabilidade) e CP (valor da área do terreno aprovada na Planta de Parcelamento do Solo).
Vale ressaltar que algumas áreas não se enquadram no quesito de áreas permeáveis. Entre elas:
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Calçadas
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Estacionamentos de veículos – mesmo que sejam gramados
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Áreas cobertas por beirais
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Marquises
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Sacadas
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Áreas abertas de lazer, como piscinas e quadras esportivas
A permeabilidade da obra está longe de ser um mero detalhe ou um fator a ser considerado somente no momento da construção. É algo obrigatório, exigido por lei, e que precisa fazer parte do planejamento e do gerenciamento assertivo de qualquer obra. Assim, evita-se problemas futuros para o empreendimento, segue-se a legislação e adota-se uma postura positiva perante a sociedade e o meio ambiente.
Como a questão da permeabilidade da obra é tratada em sua empresa? Compartilhe suas dúvidas e experiências nos comentários e até a próxima.
Olá Evandro, boa tarde!
Sou sindico profissional de um condomínio em Taipas, zona norte de SP.
Moradores pensam em colocar grama sintética nas laterais de 4 blocos.
Como o terreno é em declive, penso ser uma temeridade, pois necessitaria de sobrepiso para tal grama.
Tratando-se tá permeabilidade, o que poderia comentar ou me auxiliar numa possível recomendação ou não recomendação?
Agradeço toda e qualquer ajuda.
Atenciosamenet,
Paulo Rubano
Sindico Condomínio Vida Nova Taipas